14 jul metamorfose
Estava ansiosa, embarcaria em dois dias e ainda não havia encontrado tudo que havia programado comprar. Depois de páginas e mais páginas do Google reviradas, achei uma loja virtual com tudo que precisava, ou melhor, quase tudo.
Desci a Rua 25 de Março, na hora do almoço. Ao final de uma via sacra deparei-me com aquela criaturinha estranha. Olhos verdes enormes, desproporcional ao tamanho da cabeça, puxados nas extremidades, quase um mangá, muito longe do biótipo de uma italiana. As pernas compridas, tão compridas que até a Ana Hickman morreria de inveja. Cabelo cor-de- fogo, abaixo da cintura, botas de cano alto, vestidinho curto, cintura fina. Pensativa, questionei:
– Meu Deus, essa que é a Bloom?
Segundo a Carol, Bloom é a fada mais bonita do clube Winx. Clube badaladíssimo que compõe um desenho animado de princesas. Cds, DVDs, filmes, peça de teatro, papelaria, livros, roupas, tudo muito fashion para fazer bonito em temporadas internacionais.
Fui até o caixa, voltei e fiquei pensando em voz alta:
– Será que ela ainda gosta de boneca? Papéis de carta, cadernos, agenda, envelopes, tudo bem. Tudo isso é coisa de menina, mas uma boneca, sei não.
Fiquei imaginado a carinha olhando para a boneca e pensando que sou uma tia desatualizadíssima dos interesses de uma pré-adolescente. Busco apoio em uma vendedora que passava rapidamente ao meu lado:
– Essa boneca sai muito?
– Sai bastante, as meninas adoram – ela responde.
– Mas de qual idade?
– Ah! na faixa de 8 a 10 anos.
– É para minha sobrinha. Ela tem 09 anos, é um pouco precoce. Estou com medo dela achar infantil.
Percebo a impaciência da vendedora diante da minha indecisão. Num impulso resolvo levar a boneca, estava atrasada e não dava tempo para ficar pensando muito.
Chego em Uberlândia e entrego os presentes. Deparo-me com gritinhos:
– Ai, ui! Tia que lindo! Adorei tudo.
Retornei e fui mandar um e-mail avisando que havia chegado bem. Já havia uma mensagem da minha irmã na caixa postal:
” Eu vim com a Carol a pé da escola. Ela não solta a bendita boneca fica segurando as pernas para não perder a bota. Não sei o porquê, mas senti uma peninha dela. Aqueles passinhos curtinhos, agarrada à boneca. Acho que estava com medo, pois já era noite. Foi um ótimo presente, de novo, muito obrigada pela atenção.”
Também senti um aperto no coração, um sentimento estranho de perda. Daqui a pouco, a menina, com seus passinhos curtos apressados, vai entrar de vez no universo das mulheres.
Hoje, no mesmo dia que se comemora a Queda da Bastilha, a menina com seus passinhos curtos e apressados caminha mais um pouco em direção ao universo das mulheres. Já não brinca mais com a Bloom. Entre várias coisas, participa de um projeto social chamado AMA, faz uma mousse de maracujá maravilhosa e prefere ter as unhas pintadas nas cores atrevida e rosa chicletes. Fez votos de não comer chocolate para evitar as espinhas.
Carol (sem comentários, né?)
Posted at 12:47h, 14 julhoSem palavras, ou melhor, a verdadeira medida do amor, é amar sem medida por Santo Agostinho.
Sabor com Letras
Posted at 16:24h, 14 julhoConcordo com Santo Agostinho! Beijocas, Adriana.
Mané
Posted at 17:34h, 14 julhoUm gtexto que me fez sorrir, num fim de dia de corre corre
Obrigada
Sabor com Letras
Posted at 17:52h, 14 julhoMané, nessa idade tudo é tão fresco e bom, não é mesmo? Abraços, Adriana.
Ilídia
Posted at 11:39h, 15 julhoOlá, Adriana. Vim conhecer o seu blogue e adorei, a começar por este texto, de uma ternura imensa. Parabéns! Um beijo, Ilídia
Sabor com Letras
Posted at 12:51h, 15 julhoDelfina, que bom que gostou do texto. O tempo passa tão rápido que é bom fotografar algumas memórias para gente tirar da gaveta de vez em quando e apreciar. Beijocas. Adriana.
Carol (sem comentários, né?)
Posted at 15:41h, 15 julhoVou chorar muito! Vlw! IS2U!
Sabor com Letras
Posted at 15:59h, 15 julhoOooh! Só se for de felicidade. Beijocas, Tia Ane.
Marcos Pizano
Posted at 10:25h, 16 julhoque bonito texto
mas, não há perda, não
ela vai carregar esta bonequinha pro resto da vida
e junto com ela todo o seu afeto
abs