Sabor com Letras | o broto da rosa
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o broto da rosa

10 maio o broto da rosa

Falei com propriedade de uma velha jardineira:

– Sabia que se a gente plantar um galho de rosa ele brota?

Com os olhos brilhantes de quem acabou de desvendar um mistério, Flávia respondeu:

– É mesmo?

– Verdade – confirmei com a cabeça e sorri.

– Vamos pegar uma muda lá na casa da Dona Benta – sugeriu, Flávia.

Chegando em casa, escolhemos um lugar na frente da casa para plantar nossa muda de rosa. Fizemos um circulo, arrancando a grama para deixar nossa roseira se desenvolver livremente, sem sufoco.

Como pressa não é característica de roseira, vagarosamente ela ia se desenvolvendo. A cada avanço dividíamos uma com a outra um crescimento quase imperceptível.

Após algumas semanas, de muito sofrimento e espera, começamos a ver os primeiros brotinhos surgirem daquele galho fincado no meio da terra. Foi  emocionante presenciar como algo podia despontar de maneira sutil e tímida, manifestando vida.

Um dia o broto transformou-se em pequenas folhas, e aos poucos elas se abriram, em tom vinho, frágil. A roseira começou tomar corpo de flor que  iria perfumar nossas almas e olhares.

Não consigo me lembrar de qual maneira, mas sei que a Flávia me irritou profundamente. Minha reação foi de raiva. Reação, sim, essa eu nunca esqueci. O primeiro impulso foi de revide e  para isso precisaria magoá-la. Não tive dúvidas fui até a roseira e passei ao ato. Coloquei as palmas das mãos na terra e fiz movimentos para frente e para trás para abalar a base da planta. No fundo queria arrancá-la de lá, não tive coragem.

Quando a Flávia viu a cena, entrou em desespero:

– Não faça isso, por favor. Não destrua tudo assim – falava, tentando me impedir.

Lágrimas corriam do rosto dela, um choro sentido, de perda.Tarde demais.  Meu coração ficou pequeno ao vê-la assim, mas não tinha volta.

A roseira não resistiu a tal violência e a donzela cor-de-rosa que enfeitaria o nosso gramado não desabrochou.

Hoje tenho comigo a certeza de ajudar a Flávia  plantar um jardim, sinto-me sempre devedora. Os brotos estão crescendo, dessa vez fortes, e nutridos por um amor tão sincero que faz meu coração apertar.

3 Comments
  • Maria
    Posted at 14:03h, 11 maio Responder

    Sabe? Eu tenho alma de jardineira, meu micro jardim é uma paixão para mim.
    As rosas são a minha ultima aposta, tenho uns 3 ou 4 pézinhos.
    Espero que esta cumplicidade que sinto quando leio as suas palavras, seja como os brotes que vão crescendo fortes neste jardim de sabor com letras.
    Beijinhos

    • Sabor com Letras
      Posted at 17:35h, 11 maio Responder

      Maria, fico sempre muito feliz com seus comentários. Eles me passam sinceridade e atenção a coisas tão caras para mim. Abraços, Adriana.

  • Aurélia Cerulei
    Posted at 20:28h, 24 maio Responder

    Querida Adriana
    Obrigada pela visita e pelo seus comentário muito carinhoso. Cuidar bem das coisas é o segredo e você sabe muito bem disso.
    Amei seu site e vou, com mais calma, olhar tudo em breve.
    As fotos são lindas!
    Amei “cozinhar não é obrigação, é uma forma de amar os outros”. Eu sempre falo que gosto de cozinhar para quem amo.
    Parabens!
    Um grande abraço
    Aurélia
    http://www.adeaurelia.com.br

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